Agribrasil carrega 1º navio com milho no Tesc, novo terminal de grãos em SC

Após investimentos de R$ 250 milhões para adequar o terminal a grãos, o Tesc poderá chegar a exportar 3 milhões de toneladas de soja ou milho por ano.

O primeiro navio para grãos do Tesc (Terminal Portuário Santa Catarina) está zarpando após receber 75 mil toneladas de milho, que terá como destino a Malásia, em operação que abre um novo canal de exportação para produtos agrícolas do Sul do Brasil, disse à Reuters Frederico Humberg, CEO da trading Agribrasil que tem exclusividade para operar no local.

"Tudo funcionou muito bem no embarque, e já tem mais dois ou três navios de milho alinhados para este mês", destacou Humberg, que também é presidente do conselho de administração do Tesc, no qual a Agribrasil detém fatia majoritária.

Após investimentos de R$ 250 milhões para adequar o terminal a grãos — antes operava apenas na descarga de produtos siderúrgicos e fertilizantes, entre outros –, o Tesc poderá chegar a exportar 3 milhões de toneladas de soja ou milho por ano, dobrando a capacidade de exportação desses produtos pelo porto de São Francisco do Sul (SC).

Segundo o CEO da Agribrasil, o planejamento é trabalhar o segundo semestre todo com a exportação de milho, aproveitando a safra recorde brasileira.

"Já temos volumes de vendas de 800 mil toneladas (de milho) para os próximos meses, e já temos grande parte desse volume comprado. Amanhã (quinta-feira) já chega mais um navio (para carregamento, dia 19 tem mais outro", disse Humberg, também fundador da Agribrasil, trading que registrou forte crescimento nos últimos anos.

A companhia comercializou 2,2 milhões de toneladas de grãos em 2022, alta de 78% ante 2021, com impulso de negócios de milho para exportação. O cereal representou 69% do total comercializado pela empresa no ano passado, enquanto a soja respondeu pelo restante.

O executivo da Agribrasil, que contratou exclusividade para embarcar com grãos por "alguns anos" no Tesc, disse que a situação atual de "estresse logístico" no Brasil, diante das safras recordes do país, favorece a companhia.

"Enquanto tiver uma situação de estresse logístico, grandes safras, e a expectativa é de que isso continue… isso nos dá uma posição competitiva muito grande, porque sobre o exportador caem todos os custos de demora (nos embarques)…", afirmou.

"Temos um berço privado com atracação imediata", ressaltou Humberg, lembrando que concorrentes podem encarar 40 dias de filas para embarques em outros portos.

De outro lado, o terminal de grãos do Tesc "abre mais uma boca no Sul do Brasil" para o escoamento de produtos que ajuda a reduzir o "estresse logístico" que o país vive.

Em julho, a exportação combinada de soja e milho do Brasil registrará o maior volume mensal do ano, estimou nesta quarta-feira a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).

O Tesc ainda tem capacidade de descarga de aproximadamente 4 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, fertilizantes, entre outros.


Mercado do milho

Sobre a situação do mercado de milho, que registrou queda de preço acentuada no Brasil à medida que a safra recorde do país se confirmou, o CEO da Agribrasil disse que a situação também favorece a empresa.

"O momento está ótimo, os preços baixos são indiferentes para nós. O nosso modelo é muito casado, é de um risco muito limitado, não tem posição de risco direcional. Mas o preço do grão menor resulta em menor custo financeiro, isso é positivo", comentou (Reuters, 5/7/23)